texto abaixo do cabeçalho


20 de mai. de 2010

O TEMPO de viver E DE IR

A questão do tempo: como medimos, como vivemos e como ele passa num sopro. Parece que foi ontem: eu caminhava na minha rua, grávida – não sabia o sexo – e conversava como se ele fosse um menino, o meu caçula. Meu pai morreu sem conhecer esse neto. E parece que foi ontem que sentei no seu colo, porque ainda sinto o cheiro de sua pele, o calor do seu abraço, sou capaz de reconhecer a sua voz, ver o seu olhar de aprovação e de desconforto.
O tempo - entre aquele momento, em que me questionei sobre o que eu estaria fazendo quando aquele bebê fosse um homem, onde eu andaria, o que teria construído, como pensaria e o hoje - parece um fio longo, vez ou outra enosado, que se juntou a outros.  Uma voz que encontrou sentido. Um risco no papel: onde a palavra vida ali está inscrita sobre tantas outras. Tantas coisas feitas. Tantas escritas.
Aquele sopro, aquele momento continua em mim... como estarei daqui a outros 22 anos? O que será de minha geografia?

*Marilce Costi

Nenhum comentário: