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5 de abr. de 2014

TATUAGEM - poema de Marilice Costi

nas lembranças de margens encantadas
um banco de acolher almas - um rio
beijo-saudade a compor estuário
é memória de mãos, mente febril

todo mar em curtas horas - é maré
ventos e nimbos, mas tantas estrelas
um caro preparo de um belo tempo

no encurtamento pleno de palavras,
há alegria, o desejo: o estar ali
no tênue aconchego de águas-vivas
se enlaçam apenas carne? todo um mar?

há leitura de páginas ainda virgens
num vir-a-ser prazer em outras mil
noites, histórias ao amor Sultão
no tempo standby, dela, Sherazade

são prenhes de espera - sempre há criança!
as histórias contadas ao ouvido
feliz, no desempacotar carinhos
as pipas, os ceróis, sabiás e pombas 

há pós-entrega a comporem papéis 

em cruz, cada um na luz dos caminhos
na certa que reencarnam sido e feito
os múltiplos em um, o tanto enquanto
em piccolo momento, molto e altri

fênix ao ser piccola mulher é
universo contido e sem cortinas
com ele, leão - vida-enciclopédia

Que pena, há pena? a prensa, a impressora,
o movimento é histórico veloz

na mesa, está pronta a pena molhada?
o corpo aguarda registro de vida?

sabedoria é perpetuar 
corpos eleitos - possível entrega.

Marilice Costi é autora dos livros de poesia: Mulher Ponto Inicial, Clichês Domésticos, Ressurgimento (Prêmio Açorianos 2006) e muitos outros poemas. Ministra Oficinas de poesia desde 1995.

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