Eu não queria, no futuro, fazer como ela dia e noite. Medir, marcar, cortar, alinhavar, dar um ponto aqui outro lá, desmanchar, refazer. O reaproveitamento das coisas feito com dedicação e empenho. Gostava de se realizar com a peça terminada. Me parecia tempo demais naquela saleta de costura onde ela transformava uma roupa velha de um adulto em algo inovador para um neto.
E também que eu não conseguiria cuidar de pessoas com deficiência. Porque choraria o tempo todo, o que ocorreria ao vê-los desfilar nas passeatas de 7 de setembro. Não sabia o que fazer com a minha empatia. Diferentemente do que vivi este ano: o Carnaval da inclusão da APAE, 50 anos depois.
Eu nem desconfiava que ela, através de suas ações na saleta de costura e fora dos muros da nossa casa, estava a me ensinar o valor do trabalho, da vida, a sustentabilidade, a capacidade de criar. Tudo que faço agora insanamente em meu trabalho textual e no cuidado, tanto com o meio ambiente quanto com as pessoas.
Tudo o que aprendi ao vê-la está dentro de mim. Também trabalho demais como ela tendo prazer com as tarefas encerradas.
Vão-se os amores, ficam as dores e o seu exemplo. Ah, as dores da saudade, minha querida mãe Alice Sana Costi.
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