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26 de out. de 2010

ELEIÇÕES EM 2010: DESRESPEITO LASTIMÁVEL NO BRASIL

Caro amigo:


Que tempo bom de liberdade! A juventude de hoje não tem a compreensão da luta que houve no Brasil. E isso serve para comunicar o desrespeito? é uma pena. Democracia para a baixaria. Um desvalor. Nunca vi em nossa história, propagandas em nível tão baixo, distorção de imagens e de palavras, coisas colocadas na boca das pessoas, projeção de sentimentos para dar às pessoas a desesperança.
Culpa de quem? Da liberdade de imprensa? Do marketing de ponta?
Que exemplo estamos dando às gerações que vêm inquietas com tantos problemas, tanto excesso de informação?
Quanta facilidade em distorcer o dito pelo não dito, tanta complexidade para encontrar soluções e tão pouca afetividade e convivências sadias, presenciais. Fundamentais!

Lamentável, quando poderia estar havendo o maior embate sobre o valor e o desvalor nas questões sociais, econômicas, culturais, educacionais e tantas coisas importantes: sustentabilidade e energia.

Parei de passar adiante tralhas que recebo. Não tem sentido desconstruir relações de afeto porque as pessoas divergem em seus olhares. Não tenho vontade e nem espaço de vida para por à prova minha resiliência frente ao desrespeito. Quem gosta de ironia é quem agride. Amigos verdadeiros me conheçam. Os da onça passam ao largo.

Incomoda-me mesmo o quanto os candidatos e seu marqueteiros e seus partidos subestimam a capacidade humana de distinguir manipulação e os motivos pelos quais estamos num mar de lama exposto há décadas e um mar de lama inventado há meses.


Estabelecer polaridades no ser humano? Refiro-me à dicotomia esquizóide que presenciamos como nunca,  como se estivéssemos para escolher entre o incompetente e o competente, como se, especialmente depois de Jung, pudéssemos colocar alguém como totalmente "mau" ou totalmente "do bem";  como se, depois do livro do Saramago, o trecho brilhante - no qual Deus e o Diabo discutem o poder - não é uma lição do que vemos de novo, infelizmente.

Faço minhas as palavras do amigo de Dilamar Santos. Mas é com muita tristeza por ver  a perversidade que percebo nas entrelinhas da propaganda política - o tempo e a energia gastos para um desserviço ao país. Podíamos passar sem tudo isso.


Aonde a verdade? Cada um que avalie através do excesso. Todo excesso é ruim: comida demais, bebida demais, propagandas demais.
Sou daquelas que se nega a por fora o voto, tanto que as mulheres lutaram para terem o direito de escolha!


Porque tudo, mas tudo, está na educação. O único tesouro que ninguém é capaz de nos roubar. Isto aprendi com meu pai. Nenhuma fortuna sobrevive se não formos ricos em nosso interior, em nossa humanidade. O maior investimento é o que fazemos em nós mesmos. Depois, podemos cuidar dos outros. E cuidando dos outros, cuidamos também de nós. Abaixo, o recorte do email que recebi.


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A essas alturas o maior problema não é “quem será eleito?” e sim “como está, e como vai ficar o nível de nossa educação, que está dando tantas mostras de baixaria!” Cadê o respeito tão necessário à vida social e, mais amplamente falando, respeito ao meio? Depois que escrevi sobre “...questão de ordem” e pedi calma, vários correspondentes meus melhoraram em seus contatos comigo: baixaram a bola. Espero que te toques, que faças um exame de consciência pensando em nosso Brasil, na humanidade mesmo.

Democracia só é possível havendo respeito entre os cidadãos; não hipocrisia, que é algo que, sonho, ainda extirparemos da maioria de nosso povo.
Miguel Angelo
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Caro Miguel,
Imagino como estaria nesse momento o Darci Ribeiro... Brizola... e tantos educadores...
Quem poderia, há trinta anos atrás dizer tanta coisa do outro! O abuso, o desrespeito, a falta de limites. A ausência de controle por parte de candidatos, por parte dos legisladores. Ora, permitir que a mulher do Roriz estivesse no páreo. E tantas coisas mais. O Tiririca! Bem que os deputados merecem se coçar ali e ter que aturar... o que temos que aturar aqui fora!


Sou pelo voto de quem antes de tudo, respeita o meu direito de pensar. Valoriza o ser humano singular.


Marilice Costi

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